Uma versão esportiva do Opala já era objeto de especulação no início
de 1970. Dizia-se que teria um tempero mais picante, com direito a
carburadores duplos ou triplos. A fantasia se confirmou, mas com receita
bem mais branda. Estreando já como modelo 1971, o SS, ao lado do Gran
Luxo, vinha completar a linha já composta pelas versões Especial e De
Luxo. Aos novatos cabia inaugurar o motor 4100 de seis cilindros, com
potência bruta de 140 cavalos. O ganho de 23 cavalos em relação ao 3800
já existente proporcionava uma velocidade máxima de 169,49 km/h, valor
muito bom para a época.
Para não dizer que a esportividade
do SS se resumia à aparência, vale dizer que ele trouxe para a família
câmbio de quatro marchas com alavanca no assoalho. Também eram novidade
os bancos dianteiros individuais.
As faixas pretas no capô e nas
laterais e as rodas de aço com desenho de estrela e 5 polegadas de
largura, meia a mais que nas outras versões, eram os sinais externos do
espírito do carro. No interior, alguns toques de requinte, como manopla
de câmbio e aro de volante de madeira, mais um relógio analógico no
console à frente da alavanca de marchas. No painel de instrumentos, um
tímido conta-giros entre os dois mostradores maiores.
A cara de
mau do carrão era neutralizada pelas quatro portas. Porém, o modelo 1972
estreava a carroceria cupê, cujos destaques eram ausência de coluna
central, janelas sem molduras e caída fluida da traseira. O novo formato
parecia ter sido feito para o SS e se tornaria o padrão da versão até o
fim da vida dela, em 1980. Os primeiros sedãs passariam para a história
como figurinhas difíceis para o "álbum" de colecionadores.
Na
estréia do modelo, já se apontava que o motor estava por demais
"estrangulado", uma vez que tinha o mesmo carburador de corpo simples do
3800. O fôlego que faltava veio em 1976, com o lançamento do motor
250-S. Com carburador de corpo duplo, tuchos de válvula mecânicos e
comando mais "bravo", o 250-S chegava aos 171 cavalos brutos. Em
comparativo realizado em março daquele ano contra os eternos rivais
Dodge Charger R/T e Ford Maverick GT, o Chevrolet atingiu a máxima de
189,48 km/h e ficou com o título de o mais veloz do trio. Porém ficou
atrás no 0 a 100 quando comparado ao rival da Ford: 11,67 segundos
contra 10,85, ainda que superando o Charger, que cravava 12 segundos.
Somente no SS o 250-S era de série, sendo oferecido como opcional nos
Opala que não eram "de briga".
O teste constatava que a suspensão
continuava macia para um esportivo, afundando demais a frente em
frenagens e aumentando o espaço de parada. Com discos sólidos à frente,
ainda não havia um bom resfriamento do sistema, causando fadiga. "O
Opala é mais fácil de ser dominado devido a seu menor peso. Mas se
ressente de uma suspensão mais rígida para evitar o excessivo balanço em
curvas, o que obriga o motorista a rápidas correções para não sair da
trajetória original", dizia o repórter Emílio Camanzi.
Como as
alterações do SS eram basicamente estéticas, sua marca foi a variedade
de formas das faixas externas, que mudavam conforme o ano e o modelo.
Acompanhando a família, sofreu reestilização leve em 1973, com as setas
passando às laterais dianteiras dos pára-lamas. Mudanças maiores de
estilo ocorreriam a partir da linha 1975, que ganhava novo capô, luzes
de seta inspiradas no Chevelle 1971 e os dois pares de lanternas
redondas que davam um toque de Impala ou Camaro à traseira.
O
acabamento SS seria estendido à Caravan na linha 1978, apresentada com o
slogan "leve tudo na esportiva". Na linha 1979, os retrovisores
externos carenados pintados da cor da carroceria conferiam ares
exclusivos à versão. Porém, seriam suspiros finais daquele que se
despediria na linha 1980, ainda a tempo de ganhar os faróis e as
lanternas quadradas que caracterizariam os Opala da primeira metade
daquela década.